Classificações biológicas: origem, tipos e características

    Sistemática é a área da biologia que se preocupa em compreender, classificar e organizar os seres vivos, tendo como foco: 
    a)Descrever a biodiversidade dentro dos gêneros.
    b)Desenvolver critérios para organiza-se a biodiversidade.
    c)Compreender os processos responsáveis pela geração da biodiversidade.  

    Aristóteles foi o primeiro a classificar os seres vivos, dividindo-os em dois grupos: animais e planta, que teriam subgrupos organizados de acordo com o ambiente em que viviam (aéreos, terrestres ou aquáticos). Ele também afirmou que existe uma gradação completa na natureza, percebendo que existem organismos mais simples e outros mais complexos. Disse que o estágio mais baixo é o inorgânico e que o orgânico “surgiria” do inorgânico por metamorfose direta.
Busto de Aristóteles. Fonte: site "InfoEscola" 
    Ele considerava o mundo orgânico dividido com 3 divisões: 

    1)Vegetais. 
    2)Vegetal-animal (esponjas e anêmonas). 
    3)Animais. 
    
    Tendo os animais divididos em quatro categorias: 
    1)Sangue frio: répteis, anfíbios e peixes. 
    2)Sangue quente: aves e mamíferos. 
    3)Racionais: o homem. 
    4)Irracionais: aves e mamíferos. 
    
    A sistemática utilizada por Aristóteles é um dos exemplos de sistemáticas existentes, tendo também: 
    -Agostino de Hipona (século IV) cujo critério de classificação era baseado na utilidade que os seres vivos tinham para a espécie humana (úteis, nocivos e indiferentes). 

    -O naturalista sueco Carl Von Linée (1707-1778), mais conhecido como Lineu, utilizando como critério de classificação o uso das características estruturais e anatômica; por ser criacionista, ele acreditava que o número de espécies era fixo e imutável(tudo sempre foi o que foi), tendo sidos definidos por Deus na hora de sua criação, também defendia o arquétipo (Ideia de que existe um individuo “ideal e perfeito”, cujo qual definiria as características da espécie, os outros seres da espécie poderiam divergir um pouco dessas características). Por conta disso, os animais eram agrupados de acordo com suas semelhanças corporais e as plantas seguindo as estruturas das suas flores e frutos, também desenvolveu um método para nomear as espécies, a nomenclatura binomial, que é aceita até os dias de hoje. Seu sistema de classificação foi utilizado dos séculos XVIII até o XX.
Pintura de Carl Von Linée. Fonte: site "Wikípedia"


    Futuramente o cientista Charles Darwin (1809-1882) fez uma grande contribuição para o desenvolvimento das classificações dos seres vivos usando sua teoria evolutiva e da noção de ancestral comum, que deu origem as espécies atuais. 


    Em meados de 1930 surge a escola evolutiva, utilizando a “taxonomia evolutiva” como método de classificação, que basicamente junta as ideias de Lineu com as ideias de Darwin. Tinham como principal critério de classificação os “grados”, que são a história evolutiva dos grupos, ou seja, a cada característica ou habilidade nova adquirida, que separaria determinados indivíduos de outros da sua espécie seria um “degrau” que ele subiu. 

    O problema desse método é que utilizavam características corpóreas não especificas para classificarem e separarem os grupos, além de que cada pesquisador escolhia quais características seriam as utilizadas, ou seja, não tinham uma metodologia especifica e seus critérios de seleção eram muito intuitivos e subjetivos. Então com o tempo se tornou obsoleto. 


    A “fenética” surgiu em meados de 1960, utilizando métodos matemáticos para unir grupos de seres vivos pela maior quantidade possíveis de semelhanças observáveis entre os seres, ignorando a história evolutiva. O problema desse método é que ter características semelhantes não torna dois seres automaticamente parentes, o que abre margem para uma grande quantidade de erros.



    Em 1950 o alemão Willi Hennig publica um artigo do que viria ser no futuro os fundamentos da “sistemática filogenética” ou “cladística”, porém tal artigo foi ignorado por alguns anos na comunidade cientifica internacional devido ao preconceito com a língua alemã na época gerado pela II Guerra Mundial. Em 1965 surgiram traduções do artigo em inglês, assim popularizando as ideias do cientista.

Foto de Willi Hennig. Fonte: site "Wikipédia"
    A cladística é um sistema de classificação utiliza a teoria da evolução de Darwin como base, propondo que os seres vivos possuem relações de parentescos devido a ancestrais em comum. Seu principal objetivo é encontrar “grupos naturais”, ou seja, um grupo com um único ancestral comum e todos os seus descendentes. Cada um desses grupos é chamado de “clado”, tendo sua representação gráfica feita através de uma “árvore filogenética” ou um “cladograma”. Aqui faremos uma breve e resumida explicação de como um cladograma é montado. 
    Ao longo do tempo, as populações vão sofrendo determinadas mudanças (físicas, comportamentais ou genéticas). Quando tais mudanças se fixam na espécie, aparecendo em todos os na maioria dos indivíduos, ela passa a se chamar “carácter”. O surgimento de diversos carácteres em uma determinada população chama-se “anagênese”. Se juntamente com a anagênese houver a separação dessa população em dois ou mais grupos de indivíduos devido ao surgimento de algum tipo de barreira, futuramente virão a se tornarem espécies diferentes. Esse fenômeno é a “especiação”. 
    A cladística utiliza os carácteres para definir o nível de parentesco entre os seres e encontrar suas ancestralidades. Existem dois tipos de caráter: 
    -Carácter plesiomórfico: Carácter presente na linhagem desde o ancestral mais antigo. 
    -Carácter apomórfico: Carácter que surge em uma das linhagens futuras, considerada uma novidade evolutiva.
    Apenas carácteres apórmoficos interessam para a cladística, pois é através deles que é possível definir em que ponto da árvore filogenética tal característica passou a fazer parte da espécie, e consequentemente quem é ancestral de quem. 
    Atualmente existem vários métodos de se descobrir se o carácter é plesiomórfico ou apomórfico. Os principais métodos são: 
    -Comparação embriológica: estuda o embrião pois certas características que não são mais presentes na espécie ainda aparecem no embrião em seu estado inicial de formação. 
    -Paleontologia: estuda as características presentes nos ossos fossilizados e sabendo a idade daquele osso pode-se definir quais carácteres vieram primeiro. 
    -Grupo externo: pega-se o carácter de determinado grupo que se quer descobrir se é plesiomórfico ou apomórfico e o busca no grupo irmão (grupo mais próximo do qual se esta estudando na árvore filogenética). Se for presente em ambos os grupos, é plesiomórfico. Se aparecer em apenas um dos grupos, é apomórfico. 
Árvore filogenética dos primatas. Fonte: site "Darwin - Projeto Evoluindo"
    Como ler uma árvore filogenética: 
    -Tempo sempre vai sentido do ancestral mais antigo ao descente mais novo. 
    -Cada ramo é uma nova linhagem. 
    -Os “nós” são os “pontos de cladogênese”, mostrando os ancestrais em comum de cada linhagem. 


    A sistemática filogenética após décadas ainda se mostra o método de classificação de seres vivos mais correto e preciso. Apesar do grande estudo empenhado nessa ciência, ela ainda se mostra desafiadora e com muitas coisas que ainda necessitam serem descobertas e esclarecidas. 




Fontes:


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Peixes

Exercícios do livro

Cnidários